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Terça-feira, 05.03.13

PESADELO

Estava eu a dormir, que nem uma pedra, porque sendo as minhas esquinas feitas desse material, não poderia dormir de outra maneira, quando fui assolado por um estranho sonho, tão estranho que não posso deixar de o compartilhar com os meus fiéis leitores.

Sonhei eu, que algures neste lindo Portugal, existia um Concelho onde alguém governava com tiques de autoritarismo, tendo como lema “quem manda sou eu”.

Do alto do seu saloio autoritarismo, logo que chegou ao poleiro começou a mandar, arranjando emprego para o seu genro, gabando-se, juntamente com a sua cara-metade que tal emprego nada tinha a ver com o grau de parentesco, mas sim com um curso superior que o referido senhor possuía, e que mais ninguém tinha, mas mesmo mais ninguém, reafirmavam, convictamente, homem e mulher em uníssono.

Passado algum tempo, o tal senhor, passou a ser ex genro e, provavelmente durante as partilhas, deve ter perdido o valioso canudo e então de imprescindível passou a dispensado, mas não sem antes tentarem fazer passar a mensagem que tinha abandonado o cargo por contenção de despesas. Desculpas, que foram por água abaixo, quando passados poucos dias foi contratado um rapaz a quem estava prometido o lugar desde as eleições de 2005 que o referido autoritário tinha perdido e por sinal, digerido muito mal a derrota, com um discurso onde dizia que aqueles que não votaram nele se iriam arrepender quando precisassem de tratar de algum assunto, lá na instituição onde trabalhava, como se aquilo fosse sua propriedade. Tal personagem era só funcionário e nada dava a ninguém, a não ser aquilo a que as pessoas têm direito.

Primeira medida tomada, avançou de imediato para a segunda, ou seja, contratou um sobrinho, que embora sem canudo, merecia o emprego pois tinha sido porta-bandeira durante a campanha e como não sofre das costas, tem a coluna vertebral em bom estado, para a utilizar ora curvando-se ora levantando-se em sinal de aceitação a todas as ordens e directrizes do chefe, era sem duvida a pessoa indicada para desempenhar tão relevante cargo.

Quando toda a gente julgava que já nada de mais de anormal aconteceria, a não ser a própria anormalidade do senhor ter sido eleito, eis que mais uma medida de mestre foi colocada em marcha, a menina eleita, em terceiro lugar nas listas vencedoras, resigna ao lugar e para o seu posto entra directamente um senhor que não tinha sido democraticamente eleito pelo povo. A tal menina desculpou-se dizendo que não poderia aceitar o lugar por incompatibilidades, não sei quais, nem ela as esclareceu, ou provavelmente nem as conseguiria esclarecer, até porque, se não tinha disponibilidade para ser vereadora, seria lógico, também não a ter para pertencer aos quadros de assessora, mas se calhar alguma razão que a própria razão desconhece estará na origem de tal atitude. Quem esfregou as mãos de contente foi o não eleito. Vencimento a quantos obrigas…

Pronto, sonhei eu, nada de mais relevante irá acontecer, até porque diga-se em abono da verdade, se tal se verificar, isto começa a ganhar contorno de pesadelo e deixa de ser sonho. Engano meu. Mais uma ideia mirabolante surge ao tal autoritário “iluminado”. Contrariando o que apregoou em campanha eleitoral aumenta o número de chefes de divisão, tendo a ousadia de nomear chefe de divisão uma funcionária, que por falta de subordinados na sua secção, se chefiava a si própria.

Pelo meio do sonho, ainda apareceu mais uns empregos para os amigos, amigos dos amigos, alguns inimigos, que por conveniência e oportunismo depressa se transformaram em amigos e mais três ou quatro sobrinhos, pois a família é grande e há que garantir a sobrevivência do clã.

Com mais uns quantos laivos de esperteza, abrem-se uns concursos mandando fazer os fatos á medida do candidato, mas como as linhas eram fracas surgiram organismos superiores a descose-los e por conseguinte ficaram nus.

Não satisfeitos e até mal-humorados por tamanha desfeita, voltaram á carga, vestiram fatos novos e tornaram a apresentar-se na fila. Mais uma vez as linhas deram de si e os fatos, ainda que feitos por medida rebentaram as costuras e a marosca ficou ao léu.

Astutos como sempre foram e pensando que com a astucia deles enganam os menos incautos, resolveram o problema com contratos a prazo, contratados do desemprego e estratagemas do género. Tiveram que se desenrascar, pois ia dando confusão com pessoas a ameaçar falar de história de montes, pinheiros, permutas e trocas e baldrocas. Para já safaram-se, mas o estado de graça não dura para sempre, pois na primeira quem quer cai, na segunda só cai quem quer.

Para resolver estes problemas concursais e colocar mais um familiar, também a primeira tentativa saiu falhada, mas outras se seguirão. Tem que se arranjar uma maneira, nem que seja preciso dizer que a menina tem um curso que mais ninguém, mas mesmo mais ninguém, consegue ter, possivelmente tirado numa qualquer universidade que por ter um nome tão esquisito ninguém conhece nem sabe onde fica.

E assim sonhando, cheguei a 2013, o tal ano especial, pois é ano eleitoral. Entre avanços e recuos, entre convites e desconvites, entre opositores que passaram para apoiantes e sobrinhos que de mal-amados passaram a convidados, muita coisa se tem passado, até birras do não eleito, que continua a sonhar com o segundo, levando para terceiro a sua adorada e confidente subordinada. Ou será que o não eleito é que é subordinado da dita cuja? Já não sei de nada, estou quase a acordar e isto baralha-me as ideias.

Não interessa, para o caso, pois a campanha lá vai andando de vento em popa, com a sua sede aberta na S.S não confundir com a polícia secreta de Adolf Hitler, embora as iniciais sejam iguais ali não existe repressão, ditadura, campos de extermínio e tão pouco se pressiona quem quer que seja, quem disser o contrário está redondamente enganado. Quanto muito, tal local, poderá ser confundido com uma qualquer feira semanal, dada a quantidade de coelhos, galinhas, cabritos, salpicões e produtos hortícolas que por lá se vão transaccionando.

Estava eu neste tão emblemático sonho, quando o despertador toca lembrando-me as 8,30. Hora de levantar e enfrentar este mundo real em que infelizmente por culpa de quatro mil e tal pessoas temos que viver, ou sobreviver, principalmente aqueles que não têm dores de coluna, porque a mantêm direita ou então porque sabem proferir outras palavras que não apenas a palavra sim.

Maldito despertador, acordou-me quando ainda havia tanto sonho para reviver. E que sonhos!

Pode ser que daqui a uns dias, eu torne a adormecer que nem uma pedra e volte a sonhar, com árvores, cemitérios, roubos, horas extraordinárias, benesses, castigos, promoções, protocolos, subsídios, ou até com outras instituições. Poderei até sonhar que canto o “Grândola vila morena” ou “Os vampiros” e dessa forma homenagear o grande Zeca Afonso aproveitando para protestar contra o facto de o despertador me ter acordado quando outros mistérios estavam para ser desvendados no meu sonho.

Desmancha-prazeres este despertador que não se coibiu de me acordar e me fez recordar que aquele sonho, foi apenas e só um sonho, aliás nem outra coisa poderia ser, de tão irreal que é. Nunca jamais em tempo algum, existirá alguém capaz de, em três anos, fazer tudo aquilo com que sonhei. Os sonhos por vezes têm destas coisas, tornam irreais as coisas reais ou será ao contrário.

Não interessa. Acreditem tratou-se apenas de um sonho!

 

Zé da Esquina

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por Zé da Esquina às 07:33


215 comentários

De vigilante a 25.04.2013 às 09:31

nas listas do carneiro ninguém se entende, vamos ver o que isto dá

De Veneno a 25.04.2013 às 19:39

Tenham calma...
O Carneiro tem tudo controlado... Deves estar com medo...

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